Ficha técnica complementar
Texto de apresentação 2005
Chelpa Ferro
Banda-instalação, grupo de performance e fábrica de instrumentos, o Chelpa Ferro volta ao Festival onde se apresentou, pela primeira vez, há sete anos. Vindos de passagens importantes pelas Bienais de Veneza (2005) e São Paulo (2004), Barrão (Rio de Janeiro, 1959), Luiz Zerbini (São Paulo, 1959) e Sergio Mekler (Rio de Janeiro, 1963) mostram “um show bem Chelpa Ferro”, mas com lugar para o silêncio. Uma bateria construída com 80 palitos de incenso fará um “solo silencioso” ao ser queimada em uma pausa da música produzida por instrumentos convencionais e inventados: a máquina de costura que toca samba, o cinzeiro de musicalidade insuspeitada. Entre instrumentos, projeções de vídeo e baterias de incenso, os artistas navegam do rock à eletrônica.
A vontade de fazer música juntou os artistas plásticos Barrão e Zerbini e o editor de vídeo e montador de cinema Mekler em torno do projeto, em 1995 – na época, integrava o grupo também o produtor musical Chico Neves. “Desde o começo, a gente teve interesse por música. Cada um tem uma formação, mas todo mundo gosta de fazer isso”, diz Zerbini. “Para nós, música é fundamental.” No contexto do som, a plasticidade se desdobra de formas originais e diversas: nos objetos cotidianos dos quais o grupo se apropria para extrair ruído, na forma como são instalados no palco e em espaços expositivos, na movimentação dos artistas em torno deles, nas imagens que fazem parte do ato. Desdobra-se em instalações como “Acqua Falsa”, exibida na Bienal de Veneza em junho de 2005: emitido por uma caixa pendurada a 10 cm do solo e virada para baixo, o som incidia sobre o piso coberto de água, espalhava-se pelo espaço e era absorvido por espumas penduradas nas paredes e forradas de luzes azuis e brancas. Ou em “Nadabhrama”, arbusto metálico cujas folhas se agitavam em resposta à interação do público da Bienal de São Paulo, em 2004.
A nova performance para o Videobrasil guarda alguma relação com “O Gabinete de Chico”, que o grupo criou para a 12ª edição do Festival, em 1998, e cujo arsenal incluía vídeo, um espremedor de laranja e uma mesa de pebolim. “Esse trabalho é uma continuidade daquele que mostramos há sete anos, mas também é uma evolução. A gente faz show, faz exposição. O Videobrasil dá a possibilidade de que misturemos tudo isso, performance, instalação, música, show, vídeo. Foi o primeiro lugar onde a gente coube.”
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "15º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil - 'Performance.'": de 6 a 25 de setembro de 2005, p.102 e 103, São Paulo-SP, 2005.