A obra é uma videoperformance realizada em uma das pedreiras de mármore de Vargem Alta, no interior do Espírito Santo, resultado de sua vivência com os trabalhadores locais. Seu corpo negro enfrenta o esforço quase impossível de carregar blocos pesados de mármore branco, remetendo às barreiras físicas e históricas impostas a corpos racializados. O material, associado à nobreza da escultura e suas belas formas, evoca, aqui, a opressão e exploração por meio do trabalho, seja prisional ou escravo. A repetição dos movimentos – mover-se, esgotar-se, renovar-se – cria uma metáfora sobre a luta cotidiana contra desigualdades estruturais e raciais herdadas do legado escravocrata. Ao converter esse ato em gesto político e poético, o artista transforma a impossibilidade de mover o mármore branco, enquanto peso do legado colonial, na possibilidade de criação artística, a partir dos impasses inscritos em sua própria história pessoal e coletiva.