Depoimento 2019
Transcrição de depoimento para a 21ª Bienal
Vejo The Fourth Stage como uma relação entre cinema e mágica. O ponto de partida, na verdade, veio da minha infância, quando você volta na memória, onde viveu e as experiências daquele período. Quando eu era mais jovem, trabalhava para um mágico, excursionando com ele como seu assistente, ajudando-o, fazendo principalmente a sonoplastia, e isso me deu acesso a todos os truques que esse mágico costumava fazer. Apresentávamo-nos em pequenos vilarejos do sul do Líbano, em espaços públicos ou pequenos palcos, em escolas e praças; hoje, eu sou cineasta. E essa ferramenta que todos conhecemos, o cinema, tem uma longa história de ilusão. O desaparecimento do mágico é um pretexto para explorarmos de maneira mais aprofundada o entendimento de onde está a mágica hoje em dia, onde está a ilusão agora: como ela foi substituída por outra ilusão? Como ela foi substituída pela mitologia? E como a mitologia e a ilusão trabalham juntas, se é que trabalham juntas? Isso aliado à ideia de que existe hoje em dia uma grande onda de religião e de mito, no sentido de que as pessoas querem acreditar em alguma coisa, algo maior, devido evidentemente à situação política em que todos estamos vivendo no Oriente Médio e no contexto do Sul em geral.
Sou do sul do Líbano, portanto sou do Sul do mundo. E, estudando história, você descobre que existem diferentes perspectivas sobre o significado de república, democracia, e todas essas teorias clássicas vindas do ocidente. Esse também foi meu ponto de partida: o que estava acontecendo no Sul? Então, voltando a um Sul específico, o sul do Líbano, comecei a me aprofundar no significado da terra, tal como a conhecemos, e o Sul como um todo, tal como nós o vemos.