Debates encerram o Festival com temas sobre a trajetória do evento no contexto brasileiro da arte
Em Exposições em Contexto, encontro realizado nesta quinta (30.1), às 20h, no Galpão do Sesc Pompeia, as curadoras Ana Maria Maia e Daniela Labra falaram sobre a relação das mostras do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil com as exposições de arte montadas no país nas últimas três décadas, destacando o período em que vídeo, nos anos 1970 e 80, ficava à margem dos principais circuitos artísticos do país. O encontro acontece dentro do último foco dos Programas Públicos da 18ª edição do Festival, em cartaz somente até o próximo domingo, dia 2 de fevereiro no Sesc Pompeia. No sábado (01.1), as 16h, a programação de encontros do Festival é encerrada em grande estilo, com um debate entre Solange Farkas, Moacir dos Anjos, Gabriel Priolli Neto e Eduardo de Jesus, com mediação de Teté Martinho.
No encontro desta quinta, que reuniu Ana Maria Maia Daniela Labra e foi mediado pela pesquisadora Ana Pato, as duas convidadas prepararam apresentações baseadas nas próprias experiências como curadoras e pesquisadoras da área. Enquanto Ana Maria Maia apresentou sua pesquisa em torno de uma metodologia capaz de dar conta de um campo ainda novo no Brasil, que é a história das exposições, Daniela Lebra trouxe à tona aspectos da representatividade brasileira fora do Brasil, tema de sua pesquisa acadêmica.
Segundo Ana Pato, os discursos das duas são muito importantes tanto para o Videobrasil, em um momento em que ele busca valorizar sua própria história, narrada na exposição 30 Anos, quanto para o contexto das histórias das exposições no Brasil. Para ela, de uma certa forma, tanto a mostra retrospectiva deste que foi o primeiro festival do país a abraçar a produção em vídeo, quanto a pesquisa das duas convidadas, demonstram que o Brasil está começando a contar sua própria história em relação a produção de arte contemporânea. “Com estes debates e com a mostra, que reúne toda a trajetória do Festival, o Videobrasil também está ajudando a fomentar o estudo da história das exposições em nosso país”, afirma.
Para Daniela Labra, que estuda a representação da produção artística do Brasil no exterior, é preciso que toda essa expectativa em relação à arte brasileira arrefeça. De acordo com a pesquisadora, há uma diversidade muito grande na produção artística no mundo, de modo que seria impossível também alcançarmos toda a criação moderna e contemporânea dos Estados Unidos, por exemplo.
Para Ana Maria Maia, “exposições se tornam objeto de estudo para o estabelecimento de uma história nacional da arte”, afirma Maia. A curadora, que levou para o debate “as tensões possíveis entre as exposições e as histórias”, com investigações sobre possíveis narrativas, colocou a pergunta “Como encontrar caminhos para representar a história da arte ainda demasiadamente moderna?”. Para ela, existe quase uma impossibilidade de eternizar a história da arte em sua inteireza, contemplando, entre outros, contextos de cada época, subjetividades do público, esfera pública, “onde se confrontam divergências políticas e diferentes instrumentais técnicos”.
Próximo encontro | 30 anos: memórias e atualizações
No próximo sábado, dia 1º, penúltimo dia do Festival, acontece o último encontro do Foco 8 À Luz dos 30 Anos, dos Programas Públicos desta edição. Em 30 anos: memórias e atualizações a fundadora do Videobrasil e curadora-geral da 18ª edição, Solange Farkas, analisa e debate com o curador, pesquisador e coordenador da Fundação, Joaquim Nabuco Moacir dos Anjos, com o professor e curador Eduardo de Jesus e com o jornalista Gabriel Priolli Netto os grandes ciclos de transformação do Videobrasil, relacionando-os às mudanças na cena de arte contemporânea no Sul nas últimas três décadas. O evento acontece também no Galpão do Sesc Pompeia, a partir das 16h, e tem mediação da jornalista cultural e coordenadora editorial do Videobrasil Teté Martinho.