O corpo, a cidade, as viagens e as percepções do estrangeiro são ideias que fazem parte do trabalho de Marcia Vaitsman que apresentamos neste terceiro FF>Dossier.
Com uma produção voltada para o campo da multimídia, a obra de Vaitsman se desenvolve através de instalações, imagens digitais e em suportes como CD-ROM, DVD-ROM e web, nos quais a artista nos mostra, com um olhar crítico, as complexas relações sociais típicas do nosso tempo. Em seus trabalhos, que iremos apresentar na seção Sobre as obras, é fácil perceber esse olhar. Como na peculiar recriação do espaço urbano presente no DVD interativo Mpolis (2001), um game no qual as regras são as da cidade, criadas e recriadas a todo momento. Interagir com essa obra é redescobrir uma outra cidade recortada em inúmeros pequenos trechos de imagens em movimento que nos revelam, de forma interativa, uma outra visão do espaço urbano.
Dessa forma, as novas mídias são tomadas como ferramenta de reconstrução e de criação de espaço urbano e até mesmo do corpo, como no CD-ROM A common ancestral stranger (2001), que nos mostra quase um metacorpo sob o qual deslocamos tatuagens que revelam aspectos imateriais do corpo como a memória e a fé.
Algumas vezes os trabalhos, desenvolvidos para CD-ROM e DVD, se desdobram em instalações e outras vezes são retirados de seu contexto original e recriados em outros espaços. Um exemplo é a exposição Pisando em ovos em Buenos Aires (2004), realizada no espaço alternativo do pop hotel Boquitas Pintadas, em Buenos Aires. Vaitsman mostrou imagens retiradas do CD-ROM A common ancestral stranger (2001) junto de Amarelinha (2002), imagens em tamanho real de um jogo de amarelinha com espaços cheios de ovos.
Com a inquietante obra de Marcia Vaitsman abrimos este terceiro FF>Dossier, mais uma vez apostando na diversidade da produção artística do circuito sul.
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