Artista inquieto e profícuo, Daniel Lima materializa suas idéias na teia complexa de códigos e relações humanas abarcada pelo espaço urbano - ou, como ele prefere definir, “no limite entre o que é reconhecido como arte e o que seria a vida”. Apoiado em uma reflexão sólida sobre a arte capaz de criar “situações potencialmente desestruturadoras”, Lima busca no tecido da cidade espaços a ocupar, ações possíveis. Ao sabor delas, move-se com liberdade incomum nas mais diversas direções artísticas: ora trabalha só, ora se articula com grupos e parcerias; ora se põe em cena, ora recua para criar estratégias e dar forma a idéias coletivas; ora se aproxima do desenho, da escultura, ora cria espetáculos híbridos que somam do teatro à fotografia sem parecer muito com nada disso.
Com excertos de obras, imagens, entrevista, um ensaio original do crítico Ricardo Rosas e outros conteúdos, a 14ª edição do FF>>Dossier revisita a trajetória ampla e variada descrita pelo gesto a um tempo cerebral e intuído do artista, crítico tenaz das limitações do circuito protegido da arte e militante antitotalitarismo avesso a qualquer simplismo. “Seja como participante de diversos coletivos, mídia-artista ou praticante de intervenções urbanas, Lima parece ter um gosto cultivado por contradizer juízos preconcebidos quanto a formatos artísticos, assim como por tocar o dedo em feridas abertas no tecido urbano-social”, escreve Rosas em seu ensaio. “A vontade de ir além das aparências ou de subvertê-las pode ser encontrada, em seu caso, mesmo nos trabalhos com teor político mais pronunciado, onde mesmo tal teor por vezes parece ser posto em dúvida ou ironizado.”
Com essa publicação, a Associação Cultural Videobrasil homenageia a obra de um artista raro e de um colaborador próximo, responsável pela coordenação da performance que abriu a 15ª edição do Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, Futebol, e autor do monumento de luz que, ao se projetar do cais do MAM da Bahia na direção da África, tornou-se uma das imagens mais emblemáticas da Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea.
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