Ficha técnica complementar
concepção - Alvaro Hardy, Eder Santos, Evandro Rogers Barbosa, Mariza Machado Coelho e Paulo Santos
assistentes de direção e edição - Marcelo Reis, Pedro Vilela
câmera - Paulo Vilela, Pedro Vilela
trilha sonora - Paulo Santos
músicos - Claudia Simbleriz, Decio Ramos, Josefina Cerqueira e Paulo Carvalho
dançarinos - Ana Paula Cançado, Jacqueline Gimenez e Peter Lavrate
técnico de áudio - Alexandre Martins e Peron
contra-regra - João Carlos Leite
Texto de apresentação 19/09/2001
Concerto para pirâmide, orquestra e sacrifício
Um dos mais conhecidos (e reconhecidos) videoastas brasileiros, o mineiro Eder Santos vem desenvolvendo também uma série de incursões no universo das performances, marcadas sempre por um intenso diálogo entre os frames das imagens e a música. Assim como em seus trabalhos em vídeo, radicais e jamais óbvios, Eder Santos lança mão em suas performances de variadas referências e procedimentos experimentais que o estão ajudando a construir uma linguagem própria. As performances, portanto, devem ser entendidas como um formato original, iniciado já em 1994, no 10º Videobrasil, com a obra Poscatidevenum, espetáculo desenvolvido para partituras de vídeo e música feita com letras para frames.
A partir de bases pré-montadas, Paulinho Santos, do grupo Uakti, criava músicas na ilha de edição. Dessa forma, o autor, em colaboração com outros artistas, desenvolvia narrativas, sincronizando música e vídeo, e criando um tempo próprio na performance. Em suas intervenções, Eder Santos pode desempenhar simultaneamente o papel de maestro e editor, utilizando ocasionalmente imagens do próprio público que assiste à performance que, dessa forma, também se torna parte dela.
No 13º Videobrasil, Eder Santos apresentará um projeto original que já representa o quarto a utilizar essa nova linguagem fortemente ligada à música. Batizada de Concerto para pirâmide, orquestra e sacrifício, a performance faz referências às culturas pré-colombianas, e resulta de uma passagem do artista pelo México, onde expôs no Museu de Arte Moderna. Fascinado com as construções piramidais que viu no local e utilizando também como referência a maneira como a morte é vista e está presente no cotidiano do país (como mostram as festividades voltadas para os mortos em diferentes partes do país), Eder Santos criou uma performance em que ambiente, música, imagens e movimento se combinam tendo como inspiração o México: a música, as tradições, a arquitetura, um tempo já passado, e o imaginário. Na performance, que utiliza uma estrutura escalonada, piramidal, uma dançarina representando a morte se movimenta no palco, enquanto os músicos executam o que vai muito além de uma simples trilha sonora. Trata-se, afinal, de uma parte ativa da obra. Imagens reais se combinam a outras, virtuais, e a música se torna componente híbrido, ligado de forma mais que complementar às imagens.
Concerto para pirâmide, orquestra e sacrifício, na verdade, é um firme passo rumo à cristalização dessa linguagem performática que vem sendo exaustivamente pesquisada por Eder Santos em suas apresentações no Videobrasil.
Premiado no Brasil e no exterior, Eder Santos iniciou sua carreira como videoasta nos anos 80, com obras em que ruídos e aparentes falhas técnicas podem ser partes integrantes da ideia. Em seus vídeos, o autor pode tanto investigar a banalização da imagem e a impressão de que é ela que constrói e conserva a realidade – como em A Europa em 5 minutos, com uma sucessão de monumentos e pontos turísticos – como utilizar um clássico do cinema brasileiro (Limite, de Mário Peixoto) para falar sobre o sentido das imagens (como no vídeo Janaúba, de 1993, premiado no Videobrasil).
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "13º Videobrasil": de 19 a 23 de setembro de 2001, p. 203 e 204, São Paulo, SP, 2001.