Na videoperformance silenciosa, o artista percorre as ruas de Bruxelas carregando um pesado bloco de concreto sobre os ombros, simbolizando os “puxadinhos” – extensões improvisadas de moradias, comuns nas periferias e associadas à precarização das populações marginalizadas. A obra utiliza o coração colonial europeu como cenário para um protesto poético contra a precarização, a exclusão social e as marcas da escravidão e colonização. O percurso parte de Schaerbeek e termina na Place Poelaert, passando pela estátua de Leopoldo II, responsável por atrocidades no Congo, diante do bairro Matongé, de maioria africana e de mesmo nome de uma região daquele país. Tanto ali como em suas caminhadas e paradas, Fredone encara a câmera, desafiando olhares que ignoram ou hostilizam corpos periféricos. No percurso, o bloco e o artista tornam-se um “cômodo ambulante”, denunciando a segregação urbana e questionando quem constrói as cidades e quem se beneficia delas.