Depoimento 2019
Transcrição de depoimento para a 21ª Bienal
Moro na minha aldeia há muito tempo. Dizem que ela tem quase 800 anos de história, pois é uma das aldeias muradas mais antigas de Hong Kong. Como filho único, tenho a sorte de dispor de espaço para observar, perceber, tocar e jogar com características e conflitos dentro da comunidade e, ao mesmo tempo, de testemunhar como elementos externos lenta ou rapidamente transformam seu ambiente e seu entorno. Inconsciente, porém voluntariamente, aceitei ser uma testemunha deste lugar, das vidas e das coisas, e de mim mesmo, alguém capaz de ilustrar as emoções de seus diferentes capítulos.
As duas obras apresentadas na 21ª Bienal falam de duas pessoas. Grandpa Tang fala de meu avô, assim como de outros ancestrais da minha aldeia que realmente existiram, mas já não existem mais; I Call You Nancy fala de minha irmã imaginária, como se ela tivesse existido. Essas obras são todas derivadas da minha experiência de vida. Mas não as considero obras de arte, embora elas representem um certo momento, um certo período de tempo, agregando pensamentos a certas imaginações. Elas são, assim, transformadas e demonstradas, como ecos da vida cotidiana.
Os vídeos geralmente fazem parte das minhas instalações, embora possam ser usados independentemente. Em Grandpa Tang, o movimento das lentes ou os quadros congelados tentam representar meu estado físico e minha visão da aldeia. A captação e o corte das imagens no processo de edição conferiram ao projeto um contexto e um ritmo mais claros. Em I Call You Nancy, o vídeo não mostrava a conversa e a coordenação com a minha mãe, deliberadamente deixadas de fora para serem imaginadas. Para o público geral, este vídeo pode ser lírico, mas, para minha mãe, foi um bálsamo para a alma.