Uma das duas principais produtoras de vídeo nos anos 1980, a Olhar Eletrônico teve papel fundamental na consolidação da videoarte brasileira, junto a outro importante grupo, a TVDO – sendo que o primeiro se caracterizava por uma forte interação inventiva com a grade da televisão aberta, enquanto o segundo seguia por uma vereda mais experimental, ainda que cultivasse a ambição de intervir nas mídias de massa. Formado por alunos recém-graduados na Faculdade de Arquitetura da USP, iniciou seus trabalhos em 1981, tendo inicialmente como integrantes Fernando Meirelles, Marcelo Machado, Paulo Morelli e Beto Salatini. Logo se juntariam a eles Dario Vizeu, Marcelo Tas, Renato Barbieri e Toniko Melo. A produtora funcionava em uma casa da praça Benedito Calixto. Entre 1983 e 1987 realizam diversos programas para as TVs Gazeta, Manchete, Cultura, Globo e para a Abril Vídeo. Dentre os trabalhos realizados destacam-se Garotos do Subúrbio, Brasília, Eletroagentes, S.A.M. Varela no Congresso, Ali Babá, Do outro lado da sua casa e Tragédia SP. Marly Normal, de 1983, pode ser considerado um predecessor brasileiro do videoclipe, com planos fechados em ritmo veloz, registrando, em 6 minutos, 24 horas da vida de uma personagem. Pelo programa Crig Rá, de 1984, feito para a Abril Vídeo, passaram as mais diversas personalidades, como Giulia Gam, Paulo Cesarino Costa, Adriano Goldman, José Roberto Sadek, Sandra Annemberg, entre outros. Em 1987, surge O Mundo no Ar, paródia de telejornalismo que buscava mostrar como a informação pode ser manipulada. O grupo dissolve-se paulatinamente em fins dos anos 1980.