DES-OUTRIZAÇÃO COMO MÉTODO (LEH ZO, A ME KE NDE ZA)

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postado em 03/04/2024

DES-OUTRIZAÇÃO COMO MÉTODO[i] (LEH ZO, A ME KE NDE ZA)

Bonaventure Soh Bejeng Ndikung

 

“Não gosto de entrevista. Muitas vezes me fazem a mesma pergunta: o que, no seu trabalho, vem da sua própria cultura? Como se eu tivesse uma receita e pudesse, de fato, isolar o ingrediente árabe, o ingrediente mulher, o ingrediente palestino. As pessoas às vezes esperam definições perfeitas de outridade, como se identidade fosse uma coisa fixa e fácil de definir.” Mona Hatoum, em entrevista a Janine Antoni[ii]

 

No exato momento em que nós, de tanto repetir e reiterar, começamos a acreditar nos conceitos que postulamos e disseminamos; nesse momento exato do tempo em que pensamos que a noção de pós-outridade[iii] – sobre a qual refletimos durante anos como sendo um momento duplo de conscientização e transição – começa a se efetivar, parece que passamos por um abalo sísmico que nos empurra a reconsiderar, mas não a rejeitar, o aspecto paradoxal do momento desse pós-outro;[iv] reconsiderar quem sofre a outrização histórica e como, reconsiderar os mecanismos de geração do outro, assim como reconsiderar quem representa quem ou quem tenta moldar o futuro de quem nas sociedades e nos discursos contemporâneos.

Esse abalo nos levou à necessidade de abandonar prefixos e nos concentrar nas raízes das palavras. Parece que, para ser capaz de reconsiderar, é preciso, ao menos temporariamente, abrir mão do “pós” para, assim, conseguir situar “outridade” dentro do contexto dos nossos dias. Especialmente se levarmos em conta que o “pós” de pós-outridade pode estar pendurado em um penhasco, prestes a cair, seja do lado do “pós” de “pós-colonial” – que não implica um fim, mas antes pretende anunciar uma continuidade de uma era moldada pelo passado colonial – ou do lado de “pós-racial” – que costuma ser um disfarce de racismos em formatos e tecnologias metamorfoseados. Seja como for, esta proposta anuncia a remoção do prefixo para analisar adequadamente a “outridade”.

Esse abalo foi despertado por três observações aleatórias:

Primeiro, se alguém com um mínimo de sensibilidade passa os olhos nas manchetes políticas da imprensa, provavelmente vai ouvir repercussões de discursos que vão da construção de muros para separar países a discussões sobre bad hombres e a islamização do Ocidente. Nas palavras de Sasha Polakow-Suransky:

Eles (a direita) efetivamente reivindicaram as causas progressistas da esquerda – do direito gay à igualdade da mulher e a proteção dos judeus contra o antissemitismo – como se fossem deles, ao descrever os imigrantes muçulmanos como principal ameaça a esses três grupos. Como o medo do Islã se espalhou, com o apoio deles, eles se apresentaram como os únicos defensores verdadeiros da identidade ocidental e das liberdades ocidentais – o último baluarte a proteger a civilização judaico-cristã dos bárbaros em seu portão.[v]

Isso se torna interessante quando observamos os esforços da direita para cooptar certos sujeitos historicamente “outrizados” com suas próprias estratégias políticas, preparando novas alianças e forjando denominadores comuns que historicamente eram considerados contraditórios e, ao mesmo tempo, construindo outros “outros” sobre os quais angústias, preconceitos e ressentimentos longamente cultivados possam ser projetados. Esse processo deveria ser compreendido como uma canibalização da “outridade” e uma subsequente regurgitação de “outridade”.

Para alguns sujeitos historicamente “outrizados”, a única coisa que mudou foram os mecanismos e metodologias através dos quais eles agora são objetificados e outrizados.

Assim, em nossa contemporaneidade sociopolítica, pode-se mesmo observar uma intensificação da construção e do cultivo de “outridades”, transformando velhas concepções de “outro” para servir em novos grupos de pessoas, enquanto, ao mesmo tempo, é perceptível a apropriação do “outro”, para propósitos lucrativos, pelos privilegiados e poderosos.

Em segundo lugar, é possível notar, especialmente no contexto da indústria cultural, o ressurgimento de algo que se poderia chamar de “processo de especificação geográfica”, ou seja, a necessidade de enfatizar certas regiões geográficas. Não se trata, evidentemente, de um fenômeno novo, sobretudo nas instituições museológicas ocidentais e outras infraestruturas culturais, nas quais, com base em certas estratégias culturais e políticas, determinadas regiões geográficas entram ou saem de foco ao sabor da vontade do momento. Alguns observadores têm visto essa prática como parte daquilo que se denomina soft power [poder suave], quando a cultura é usada como meio de sutilmente exercer influência política sobre certos grupos culturais e sociais. Tomemos como exemplo um museu ou uma biblioteca na França que escolha destacar a Argélia, na esperança de agradar a comunidade argelina e amenizar ou limpar as feridas de seu passado colonial. Ou tomemos como exemplo o British Council, ou o Instituto Goethe, ou o Institut Français, abrindo centros culturais no mundo inteiro para “promover a cultura”. Soft power.

Esse “processo de especificação geográfica” não é mau per se. A longa lista, por exemplo, de exposições “africanas” ou “do mundo árabe” realizadas no mundo inteiro de fato contribuiu muito para apresentar ao mundo o que poderia ser a contemporaneidade africana ou árabe. Isso posto, devemos agora tomar a atitude de perguntar: o que significa, hoje, fazer uma exposição “africana” ou uma exposição “árabe”, como vimos no New Museum, no MMK Frankfurt, no BOZAR Brussels, na Fondation Louis Vuitton e em muitos outros museus do Ocidente? [vi] O que significa fazer da geografia o cerne da questão, em vez de discursos conceituais ou filosóficos relevantes? E quanto às questões da representação? Como seria possível representar os 54 países africanos, os milhares de línguas africanas e suas comunidades, dentro de uma exposição dessas? É preciso perguntar de novo, reconsiderando essas questões.

Mas o que inspira esta reflexão agora são as seguintes suspeitas:

Primordialmente, embora o processo de “especificação geográfica” possa ser bem- -intencionado, não podemos deixar de pensar no fato de que a eventual apresentação de uma exposição africana, árabe, asiática ou outra similar é mais um ato e, nesse sentido, um ato reforçado de “outrização”. Essa suspeita veio à tona pelo motivo de que as instituições costumam se contentar com o fato de terem feito uma “exposição africana” e, portanto, não precisarem, necessariamente, incluir outros artistas de origem africana em seus programas regulares. Esses projetos de “processo de especificação geográfica”, então, tendem a se tornar uma compensação pela falta de um envolvimento adequado com a questão da diversidade no nível da programação, da equipe de trabalho e do público, e também tendem a colocar o “outro” que eles constroem no “compartimento do selvagem” [Savage slot, no original], como Michel-Rolph Trouillot formularia. Em segundo lugar, existe um viés na retórica por meio da qual esses projetos de “especificação geográfica” se acomodam. Com isso, refiro-me à retórica do “dar voz”, “dar espaço”, “dar visibilidade”, “dar atenção”, “dar ouvidos” ao africano, ao asiático, ao árabe, ou quem quer que seja que esteja em questão. Esses fenômenos, que podem ser associados a estratégias de paternalização e infantilização, nos levam a pensar na pertinente questão de Gayatri Spivak: “o subalterno pode falar?”[vii] Todavia, desde Spivak, aprendemos que a questão em jogo não é se o subalterno pode falar, mas, como Seloua Luste Boulbina adaptou, “o não subalterno consegue ouvir?” A questão crucial é se esses grupos geossociais, reunidos de forma estereotipada nessas exposições, especialmente nos museus ocidentais, efetivamente desejam ter uma voz, ter um espaço, ou é o contrário? E nos termos de quem? Eles já não têm seus próprios espaços e vozes? Mais uma vez, a questão em jogo é a agenda por trás dessa retórica, e o fato de ela ser, na verdade, parte importante do processo de construção e cultivo da “outridade” dentro de uma bolha. O que equivale a dizer que o mecanismo exclusivista em relação a esses projetos marca uma diferença entre uma “norma” construída e a “anomalia” construída, que é um projeto que ocorre apenas uma vez, como uma espaçonave que aterrissa e depois some.

Em terceiro lugar, é importante apontar o modelo econômico capitalista por trás desses projetos de “especificação geográfica”. O uso de slogans, rótulos e simplificações é a suma da prática econômica neoliberal. Vai de mãos dadas com o conceito de soft power, em que a cultura não só é usada para objetivos políticos, mas também serve para alterar e controlar o paradigma econômico. Nos últimos anos, temos ouvido filósofos, economistas e políticos, todos eles dizendo que o futuro do mundo será decidido na África. A reação do setor cultural foi rápida, com projetos de nomes como “Futuros africanos”, “A África é o futuro”, e “afrofuturismos” de vários tipos, como boas embalagens com etiquetas e rótulos, para vender fácil. Tudo vira mercadoria. A comoditização do “outro” e da “outridade”.

Mas vale a pena retroceder alguns passos para refletir. A outridade como fenômeno parece ter existido sempre, em muitas sociedades, no mundo todo, e representar o “outro” como um processo parece inerente aos processos de formação de identidade de indivíduos e sociedades. Em Key Concepts in Post-Colonial Studies,[viii] reitera-se que “a existência de outros é crucial na definição do que é ‘normal’ e na definição do lugar do indivíduo no mundo”.[ix] Isto é, para um indivíduo ou uma sociedade conhecer ou definir a si mesmos, é preciso definir outro indivíduo ou sociedade – que o primeiro indivíduo ou sociedade não seja ou não deseje ser. Muitas vezes, o “outro” torna-se, assim, uma superfície de projeção para todo tipo de características identitárias indesejáveis. Essa é a linha tênue que separa o mero desejo de “outrizar” para descobrir a própria identidade daquela outrização que discrimina e segrega. Mas quando se é o outro, então quem vai ser esse outro “outro”?

Ashcroft, Griffiths e Tiffin logo apontam que se trata muitas vezes de uma posição intercambiável de contrapartes entre o outro e a outrização, em que o poder provavelmente determina quem objetifica quem e quando. Somos tentados a pensar que os projetos de “especificação geográfica” são, então, veículos por meio dos quais esses gradientes de poder se definem, assim como os binarismos de norma e anomalia, ou de si mesmo e outro. Isso evidentemente se aplica a todas as categorias por meio das quais identidades de maioria e minoria são definidas e cultivadas em relação aos poderes políticos, econômicos e sociais – e como passam a definir identidades de raça, cultura, gênero e classe, geografias, geopolíticas e economias.

Do ponto de vista de um discurso e de uma prática feministas, Cherríe Moraga destacou que “o que o opressor costuma fazer com sucesso é simplesmente externalizar seus medos, projetando[1]os em corpos de mulheres, asiáticos, gays, deficientes, quem quer que pareça mais ‘outro’”.[x] Sem querer igualar o “outrizador” – aquele que desfruta do privilégio de fazer de alguém um “outro” – ao opressor, o argumento de Moraga alinha-se com a tendência do “outrizador” de externalizar e projetar seus medos em outros para efetivar a outrização. Moraga segue em frente com uma explanação do fenômeno:

Mas o que o opressor teme não é tanto a diferença, mas a similaridade. Ele teme descobrir em si mesmo as mesmas dores, os mesmos anseios daquelas pessoas que desprezou. Ele teme a imobilização que sua própria culpa incipiente ameaça. Ele teme que tenha de mudar sua vida a partir do momento em que vir a si mesmo nos corpos das pessoas que chamou de diferentes. Ele teme o ódio, a raiva e a vingança daqueles que feriu.[xi]

Levando isso em conta, o que a “des-outrização” poderia implicar?

Talvez a des-outrização comece pelo reconhecimento de atos e processos de outrização. Pela revelação das tendências profundas que alimentam, justificam, efetivam e mantêm atos e processos de outrização. É dentro dessa percepção e consciência, e sobre ela, e em direção a esses atos e processos de outrização, que podemos nos tornar capazes de construir resistência e nos proteger tanto de sermos outrizados como da urgência de outrizar. O que significa dizer que é nesse reconhecimento do mecanismo ou da tecnologia da outrização que poderemos conseguir evitar as materializações de ambos, substantivo e verbo – outrizado e outrizar.

Des-outrizar poderia implicar todo esforço de resistir à internalização de quaisquer construções que supostamente tornem alguém esse “outro”. A tendência é enxergar a si mesmo através do prisma daquele que constrói outridade, do opressor, o que significa dizer que, diante da violência da contínua diminuição, ou comprimido naquele espaço do compartimento do selvagem em que se é lançado, a psiquê do “outrizado” força esse ser a aceitar uma existência dentro de um espaço marginal e limítrofe.

A des-outrização deve ser uma autorruptura, uma autorresistência por parte do “outrizador” para externalizar seus medos, dores e anseios diante de qualquer ser considerado um possível recipiente. Portanto, com o termo “des-outrização” desejo propor um fenômeno em que a construção da identidade social não seja feita pela projeção sobre um chamado “outro”, mas por uma projeção em direção a si mesmo. Uma autorreflexão. Um bumerangue. Isto é, em vez de procurar ou de empurrar as próprias falhas, fantasias e angústias para os outros, seria possível incorporá- -las e vivê-las. Trata-se de reconhecer e incorporar a pletora de variáveis que nos fazem ser.

A des-outrização tem a ver com realizar ou pôr em prática o que bell hooks chama de “o olhar opositivo” (1992), ou seja, a possibilidade de interrogar o olhar do “outrizador”, mas também a importância de olharmos de volta e contra o “outrizador”, enxergando uns aos outros naquele espaço do “outrizado”.

A des-outrização deve ser um ato profundamente não capitalista, não explorador e não orientado pelo lucro, no qual reine o princípio do “aqui se faz, aqui se paga”. Isto é, se os objetivos econômicos capitalistas neoliberais, geopolíticos e geoeconômicos do “lucro sem pensar nas consequências” são catalisadores de atos e processos de outrização, então a des- -outrização deve incluir uma negação e uma exclusão de relações baseadas nesses princípios.

A des-outrização precisa equivaler a retirar-se do beco sem saída das relações de poder como base da existência no mundo. A des-outrização é um chamado à exploração da vastidão cósmica da imaginação, dos novos futuros, novas identidades, novos modos de ser, novos modos de viver juntos no mundo, e a fazê-lo não apesar de nossas diferenças, mas por causa da importância e da riqueza de nossas diferenças. A des-outrização é uma promessa de reimaginação, assim como uma demolição das cartografias de poder e uma reinvenção de geografias. A des-outrização é uma recalibragem das relações humanas e não humanas, espaciais e sociais, independentemente dos poderes estabelecidos, mas baseada em uma interdependência de todos os seres animados e inanimados que coabitam este mundo.

A des-outrização é a prática daquilo que Sara Ahmed chama de “desmancha-prazeres feminista”,[xii] significando o ato de resistir ao prazer ou a tomar parte no prazer de rir de alguém, ou de zombar, ou diminuir, ou difamar, ou outrizar alguém. Uma recusa a aceitar o conforto do status quo social em relação a misoginia, patriarcado, racismo, classismo e discriminação de gênero. A des-outrização precisará incluir falar, apontar, acusar publicamente as desigualdades, assim como propor modos alternativos de existência, considerando um mundo de justiça e equidade.

 

DR. BONAVENTURE SOH BEJENG NDIKUNG (Camarões, 1977) é curador independente, autor de livros e biotecnólogo. É o fundador e diretor artístico da SAVVY Contemporary Berlin. Foi o curador associado da documenta 14 em Atenas e Kassel (2017) e atualmente é professor visitante em estudos curatoriais e arte sonora na Städelschule, em Frankfurt. 

 

[i] Este texto foi escrito como proposta para uma série de palestras, apresentações e uma exposição, realizada no SAVVY Contemporary (Berlim, Alemanha), em setembro de 2018, no contexto do projeto Dis-Othering: Beyond Afropolitan and Other Labels [Des-outrização: além do afropolitano e outros rótulos]. A seção de Berlim, intitulada Dis-Othering as a Method [Des-outrização como método]: Leh zo, a me ke nde za (que, em ngemba, pode ser traduzido literalmente por “mantenha o seu e eu mantenho o meu”), foi concebida para refletir sobre processos e tecnologias contemporâneos da “outrização”. Não se tratava do “outro” – que é simplesmente um “produto”. Em vez disso, tratava-se de uma discussão sobre as metodologias ameboides e mutantes empregadas por instituições e sociedades em geral para construir e cultivar a “outridade”. Enfim, tentava- -se reavaliar o conceito de “pós-outridade” do ponto de vista da “des-outrização”, em que questões sobre quem ou como alguém sofre outrização histórica, assim como sobre quem representa quem ou quem tenta moldar qual futuro, se tornam supérfluas. A exposição que acompanha esse projeto – Geographies of Imagination [Geografias da imaginação] – dedicava- -se a confabular sobre a criação de conexões entre os usos variados e conflitantes da imaginação na construção da outridade e o papel da geografia como instrumento de poder. Como o poder se situa no cerne dos processos de outrização, e como esses processos se conectam a formas de pertencimento que também podemos relacionar a noções de territorialidade e possessão? O outro, escreve Ta-Nehisi Coates, existe além da fronteira do grande “pertencimento” (Ta-Nehisi Coates. “Foreword”. In: Toni Morrison. The Origin of Others. Cambridge: Harvard University Press, 2017, p. xv.), algo que contribuiu para produzir a noção de angústia e ansiedade que fez com que supremacistas patriarcais brancos da extrema-direita emergissem outra vez, nas eleições recentes, nos Estados Unidos e em diversos países europeus.

[ii] “Mona Hatoum by Janine Antoni”. BOMB, 1 abr. 1998. Disponível em: bombmagazine.org/articles/ mona-hatoum/. Acesso em 2019.

[iii] Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e Regina Römhild. “The Post-Other as Avant- -garde”. In: Daniel Baker & Maria Hlavajova (orgs.). We Roma: A Critical Reader in Contemporary Art. Utrecht: BAK & Amsterdã: Valiz, 2013, pp. 206-25.

[iv] Aqui discutimos o conceito e o momento da pós-outridade da seguinte maneira: naquele momento paradoxal, surge a figura do “pós-outro”, uma figura que ainda traz os sinais da outrização histórica, enquanto, ao mesmo tempo, representa e experimenta futuros desconhecidos além dela. Na sombra da imaginação política dominante, uma realidade cosmopolitanizada de lutas que convivem entre si se desdobra, falando e agindo contra aquele imaginário. O momento do “pós-outro”, no entanto, ainda está em estado de surgimento: ele se revela nas práticas cotidianas do tipo “inconsciente”, quando, p. ex., o anonimato da vida urbana permite ou em infinitos exemplos de interações cotidianas cosmopolitas. […] Essas práticas ainda estão à espera de serem unidas e tornadas visíveis.

[v] Sasha Polakow-Suransky. “The ruthlessly effective rebranding of Europe’s new far-right”. The Guardian , 1 nov. 2016. Disponível em: www.theguardian. com/world/2016/nov/01/ the-ruthlessly-effective-rebranding-of-europes-new-far-right. Acesso em 2019.

[vi] Para citar apenas algumas, Contemporary African Art, Studio International, Londres & Nova York, 1969, Camden Arts Centre, Londres, 1969; African Contemporary Art, The Gallery, Washington D.C., 1977; Moderne Kunst aus Afrika im Rahmen des WestBerliner Festivals Horizonte Festival der Weltkulturen (n. 1, 1979); Art pour l’Afrique: Exposition internationale d’art contemporain. Musée National des Arts Africains et Océaniens, Paris (8 jun.–25 jul. 1988); Art contemporain arabe: collection du Mus ée du l’Institut du Monde Arabe, Institut du Monde Arabe, Paris, 1988; The Other Story: Afro-Asian Artists in Post-War Britain, Hayward Gallery, Londres, 1989; Contemporary Art from the Islamic World, Barbican Concourse Gallery, Londres, 1989; Africa Explores: 20th- -Century African Art, Center for African Art, Nova York, 1993; Fusion: West African Artists at the Venice Biennale, Museum for African Art, Nova York, 1993; Seen/Unseen, Bluecoat Gallery, Liverpool, 1994; Rencontres Africaines: Exposition d’Art Actuel, Institute du Monde Arabe, Paris, 1994; Seven Stories about Modern Art in Africa, Flammarion, Nova York, 1995; An Inside Story: African Art of Our Time, The Yomiuri Shimbun, Japan Association of Art Museums, Tóquio, 1995; New Visions: Recent Works by Six African Artists, Zora Neale Hurston National Museum of Fine Arts, Eatonville, 1995; Africana, Sala 1, Roma & Adriano Parise Editore, Verona, 1996; Africa by Africa: A Photographic View, Barbican Centre, Londres, 1999; Authentic/ ExCentric, Forum for African Arts, Ithaca, 2001; The Short Century: Independence and Liberation Movements in Africa 1945-1994, organizado por Okwui Enwezor, Prestel, Munique-Nova York, 2001; curadoria de Okwui Enwezor, Villa Stuck, Munique (15 fev.-22 abr. 2001); Haus der Kulturen der Welt, Berlim (18 mai.-22 jul. 2001); Museum of Contemporary Art, Chicago (8 set.-30 dez. 2001); P.S.1 Contemporary Art Center & The Museum of Modern Art, Nova York (10 fev.-5 mai. 2002); Fault Lines: Contemporary African Art Shifting Landscapes, inIVA, Londres, 2003; Africa Remix, Museum Kunst Palast, Düsseldorf (24 jul.-7 nov. 2004), Hayward Gallery, Londres (10 fev.-17 abr. 2005), Centre Georges Pompidou, Paris (25 mai.-15 ago. 2005), Mori Art Museum, Tóquio (fev.-mai. 2006).

[vii] Gayatri Chakravorty Spivak. “Can the Subaltern Speak?”. In: Patrick Williams e Laura Chrisman (orgs.). Colonial Discourse and Post-Colonial Theory: a reader. Nova York: Columbia University Press, 1993, pp. 66-111.

[viii] Bill Ashcroft, Gareth Griffiths & Helen Tiffin. Key Concepts in Post-Colonial Studies. Nova York & Londres: Routledge, 2000.

[ix] Ibid., p. 139.

[x] Cherríe Moraga. “La Güera”. In: This Bridge Called My Back: Writings by Radical Women of Color. Nova York: Kitchen Table, Women of Color Press., 1983, pp. 27-34.

[xi] Ibid., p.32.

[xii] Ver Sara Ahmed. “Feminist Killjoys (and other willful subjects)”. The Scholar and Feminist Online , vol. 8, n. 3, 2010.